• RSS
  • Delicious
  • Digg
  • Facebook
  • Twitter
sexta-feira, 21 de abril de 2023 às 18:05 Postado por Gustavo Jacondino 0 Comments


Evil Dead é uma franquia que, ao longo de cinco filmes, é capaz de divertir e assustar, numa costura muito bem feita entre a violência gore que choca, mas ao mesmo tempo diverte pelos exageros, banhos de sangue e uma maquiagem que valoriza muito a atuação dos intérpretes, com poucas intervenções de computação gráfica.

Abraçando a estética do terror contemporâneo herdeiro do Torture Porn e do Novo Extremismo Francês, A Morte do Demônio: A Ascensão tem um desenvolvimento que o coloca na frente de muitos filmes do mesmo gênero. Ao apresentar o núcleo principal de personagens (Ellie, uma mãe solteira, tatuadora, e seus três filhos, Danny,  um garoto aspirante a DJ, Bridget, uma garota envolvida em movimentos sociais que tem um cartaz com a palavra feminista na porta do quarto e Kassie, uma criança pequena que acredita em fantasmas, além da tia, Beth, uma técnica de guitarras que deve lidar com um fato que vai mudar toda a sua vida) e tratar de questões sobre família e maternidade (que remete a filmes como O Babadook, Boa Noite, Mamãe ou mesmo Hereditário, trazendo essa tendência do terror contemporâneo em discutir questões mais profundas), o longa consegue a proeza de gerar envolvimento e uma empatia genuínas pelas personagens, que em filmes anteriores não passavam de jovens descerebrados que o espectador já esperava ver morrer.

Aqui o filme não se furta de matar as personagens das maneiras mais inventivas, sangrentas e cruéis, e o investimento emocional que fazemos nelas só torna a ameaça mais presente e terrível, fazendo com que a catarse seja das mais satisfatórias.

O longa renova a franquia fazendo com que a ambientação não seja mais uma cabana isolada, algo que Army of Darkness já fizera também, deslocando a trama para a idade média e buscando emular um isolamento através disso, aqui o isolamento é eficaz ao ambientar a história num prédio caindo aos pedaços numa Los Angeles que sofre de terremotos. E o fato das personagens estarem pressas num prédio lutando contra um demônio que possui diversos corpos enquanto as pessoas em volta vivem a sua vida normalmente remete a uma velha premissa do quão se vive isolado numa grande cidade.

Lidar com a restrição de espaço é uma das maneiras mais eficazes de exercitar e demonstrar talento na direção. Aqui o diretor Lee Cronin consegue imprimir uma dinâmica invejável através de um trabalho de câmera muito bem feito, escolhendo enquadramentos que tornam a experiência muito satisfatória, além de prestar suas homenagens a filmes clássicos fora da franquia, como O Iluminado e O Exorcista. Com este último há também a semelhança com o conservadorismo da trama principal. Se em O Exorcista uma mãe solteira e atriz bem sucedida era alvo da presença do demônio em sua filha, aqui a família com viés progressista também o é, emulando esse olhar mais conservador punitivo que não se dedica em desenvolver mais nuances para além do entretenimento, o que não é um defeito, pois no que se refere ao entretenimento, é um filme que não perde em nada em relação aos anteriores da franquia.


Direção e Roteiro: Lee Cronin 

Elenco: Lily Sullivan, Alyssa Sutherland, Morgan Davies, Nell Fisher, Gabrielle Echols, Mia Challis, Jayden Daniels, Tai Wano, Billy Reynolds-McCarthy, Anna-Maree Thomas

Fotografia: Dave Garbett

Montagem: Bryan Shaw

Trilha Sonora: Stephen McKeon


0 Amantes do cultcomentario até agora.

Postar um comentário

    Total de visualizações de página