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Em dado momento do filme "O Quinto Poder", de 2013, somos apresentados a uma visão didática e praticamente sem imaginação de como seriam as pessoas conectadas em rede, preenchendo um ambiente que remete a uma edição de jornal impresso com muitas mesas de trabalho representando os usuários "conectados". Em outro momento uma luz preenche o rosto dos personagens, iluminando-os com os caracteres que digitam no laptop. Essas soluções visuais poderiam muito bem ter saído de algum filme sobre Hackers produzido na década de oitenta. Mas sendo um filme que tenta contar a história do site WikiLeaks, (que publica informações confidenciais vazadas de governos ou empresas) e de seu criador, focando nos atritos de Julian Assange e tateando em expressar a sua complexidade como ser humano, essas invencionices só reforçam a falta de imaginação do diretor Bill Condon e da incoerência narrativa produzida pelo longa.

Entre momentos saídos de dentro da mente dos personagens e representações visuais que desfazem da inteligência do espectador, Condon se rende ao uso da câmera na mão e das sequências de reportagens, muitas contando com apresentadores reais e sugerem um caminho documental ao filme, oposto do que se procurou fazer na primeira metade. Independente da opinião dos envolvidos sobre o filme e sobre a veracidade dos fatos, é sensível a tentativa de desconstruir a imagens do protagonista sem propor reflexão alguma. O grande motivo de se recomendar o filme está no elenco, que encontra oportunidade de expressar seus personagens de maneira convincente e real. O trio central é excepcional, composto por um complexo e misterioso Julian Assange interpretado por Benedict Cumberbatch, um talentoso e criativo, além de engajado e ético Daniel Domscheit-Berg de Daniel Brühl e uma Anke interpretada por Alicia Vikander de maneira inteligente, perspicaz, cheia de charme e envolvente, apesar de sua personagem ser
tratada com certa superficialidade pelo roteiro, e conta com um elenco de apoio muito competente.

Ao final somos novamente confrontados com um diálogo por demais expositivo sobre o significado do título do filme e um monólogo didático sobre veracidade dos fatos e opinião, mas sem um engajamento por parte da produção em desenvolver aquela história com a complexidade que ela merecida.




Direção: Bill Condon
Roteiro: Josh Singer
Elenco: Alicia Vikander, Anthony Mackie, Benedict Cumberbatch, Carice van Houten, Dan Stevens, Daniel Brühl, David Thewlis, Hera Hilmar, Jamie Blackley, Jeany Spark, Laura Linney, Michael Jibson, Moritz Bleibtreu, Peter Capaldi, Stanley Tucci
Produção: Michael Sugar, Steve Golin
Fotografia: Tobias A. Schliessler
Roteiro: Josh Singer, baseado nos livros de Daniel Domscheit-Berg, David Leighe e Luke Harding
Música: Carter Burwell

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