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sábado, 16 de maio de 2015 às 09:59 Postado por Gustavo Jacondino 0 Comments



George Miller nasceu para contar a história de uma humanidade num futuro pós-apocalíptico tendo que confrontar a sua natureza animal e, no meio disso tudo, encontrar resquícios daquelas características que podemos associar ao termo humano.


Nesse contexto, o retorno ao personagem Max é feito de maneira bem simples, focando no essencial do personagem, suas angústias e medos.  Com um enredo que vai se revelando aos poucos bem feminista, o roteiro usa soluções orgânicas para cada caminho que a história toma, optando por lidar com pouca informação e não exagerar em diálogos que sirvam de alavancas para a história. Miller é totalmente cinemático em sua narrativa, optando por mostrar as ações ao invés de narrar pela boca dos personagens. É uma opção que nos deixa completamente imersos no filme.


Concebendo uma ação que é frenética não pelo número de cortes, mas pelo que acontece dentro do quadro, o diretor dá uma verdadeira aula de cinema ao movimentar a câmera de maneira sutil, em alguns momentos fazendo planos-sequência, usando planos aéreos espetaculares e coreografando os elementos cênicos como uma orquestra regida pela velocidade e perseguição.


Vale citar que em dado momento o diretor se dá a liberdade de não mostrar Max no que poderia ser uma sequencia de ação que envolveria só o personagem, optando por mostrá-lo com sangue no rosto após o ocorrido. É curioso ver que Miller dá preferência em mostrar a ação do grupo, com todas as personagens.


A maneira como o 3D é empregado no filme é exemplar. Ao invés de vermos um filme pensado em 2D e convertido em 3D para aumentar o preço do ingresso, como acontece com grande parte das produções exibidas nesse formato (exemplo claro é Vingadores: Era de Ultron, em que o 3D não só é dispensável como atrapalha o filme), pelo contrário, o 3D ajuda na sensação de imersão com o uso da profundidade de campo na filmagem, e a ação concebida com poucos cortes e movimentos precisos de câmera só ajudam na sensação que o 3D pode oferecer. Até o efeito mais sensível desse formato, que consiste em atirar algum objeto na tela, dando a nítida impressão que ele vem em sua direção, e que muitos filmes já exageraram ao usar, nesse Mad Max jamais soa gratuito, ocorrendo numa sequência escolhida a dedo pelo diretor.


A trilha sonora é extremamente envolvente e a fotografia é perfeita. Em dado momento temos as personagens Max e Furiosa iluminados por um azul que remete à frieza e, nesse caso, falta de esperança, enquanto um grupo de personagens é iluminado de maneira mais clara, quase ofuscante, representando alguma esperança ou mesmo a redenção tão buscada pelas personagens.


Mostrando que o cinema é uma arte puramente constituída de sons e imagens e que deve ser mais uma experiência do que uma retratação literária ou teatral de fatos, George Miller usa o seu já estabelecido mundo pós-apocalíptico para que possamos passear no meio daquela humanidade e possamos refletir sobre a nossa, e o quão distante está uma da outra, quem sabe não tanto, quem sabe pisamos naquele deserto todos os dias e não sabemos.


Direção: George Miller


Música: Junkie XL


Fotografia: John Seale


Roteiro: George Miller, Brendan McCarthy e Nick Lathouris


Elenco: Tom Hardy, Charlize Theron, Nicholas Hoult, Zoë Kravitz, Rosie Huntington-Whiteley

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