Carlitos encanta-se com uma vendedora de flores cega (Virginia Cherrill ). Sua determinação em trazer de volta a visão da garota o leva a uma série de eventos curiosos, engraçados e comoventes.
Chaplin é o um dos maiores mímicos que o cinema já viu. Trabalha sempre com seu humor físico de maneira envolvente que os seus filmes não sentem falta de diálogos. Pelo contrário, o encanto deles está nisso. A sequência em que Carlitos conhece a vendedora de flores e descobre sua deficiência é ao mesmo tempo comovente e engraçada, como na cena em que ela atira água em Carlitos. Claro que as atuações são essenciais no cinema de Chaplin, mas não podemos negar que a trilha por ele composta ajuda bastante na referida sequência. A sequência hilária em que conhece o milionário com tendências suicidas só é superada pelos seus esquecimentos: ora, ele só lembra de Carlitos quando está bêbado. Será que temos aí uma crítica às convenções sociais, em que um milionário só poderia estar fora de si ao ficar amigo de um vagabundo? Porém, é através de seu auxílio que Carlitos consegue ajudar a amiga. E Carlitos, ao mesmo tempo em que tem no destino o seu principal ajudante, tem também nele o seu pior inimigo, como a memorável luta de boxe “arranjada” em que tudo dá errado.
Mas a sorte de Carlitos termina quando vai parar na prisão por conta de uma engenhosa teia de mal entendidos. Se tememos pela sorte do bom vagabundo, de novo o destino age para que ele reencontre a vendedora que agora enxerga por sua causa. O comovente final só nos faz crer que julgar pelo que vemos faz de nós cegos. Assim Carlitos termina não só por recuperar a visão da vendedora de flores, mas também acaba por recuperar a nossa própria visão.
City Lights, 1931
Direção: Charles Chaplin
Produção: Charles Chaplin
Roteiro: Charles Chaplin, Harry Crocker, Harry Clive
Compositores: Charles Chaplin, Arthur Johnston
Fotografia: Gordon Pollock, Roland Totheroh
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