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terça-feira, 7 de agosto de 2012 às 10:24 Postado por Gustavo Jacondino 0 Comments

O meu livro favorito do falecido professor de astronomia Carl Sagan é “Contato”. Seu primeiro e único romance, tem como enredo a fascinante história sobre a busca de inteligência fora da Terra, contando com realistas relatos de como tal descoberta se configuraria no imaginário humano moderno.

A história é protagonizada por Ellie Arroway, uma jovem que desde cedo ficou órfão do pai. Sendo cientista, dedica sua vida à busca de contato com seres inteligentes no universo através de radiotelescópio. Entretanto, o trabalho de Ellie é comprometido pela falta de credibilidade com os demais cientistas, governo e investidores, os quais não vêem aplicação prática em seu trabalho. Porém Ellie descobre um sinal supostamente vindo das proximidades da estrela Vega, sinal este que, uma vez decifrado, revelou-se sendo um projeto de construção de uma espécie de máquina que conduziria um grupo de seres humanos para Vega. Além de contar com uma protagonista que inspira admiração pela complexidade que Sagan a caracteriza, eu diria, como um alter ego seu, com a dura perda do pai, difícil relacionamento com a mãe e padrasto, dificuldade com relacionamentos amorosos e intelecto aguçado. Não que Sagan apresentasse todas as características citadas, mas a maneira como a ciência instiga intelectualmente a personagem, sem dúvida, é reflexo de anos de experiência na área e que só pode ser transmitido por um profissional apaixonado pela profissão. Mas Contato também é a oportunidade de confrontar argumentos céticos e religiosos de maneira hábil, reconhecendo que nem um nem outro é capaz de contemplar o a suposta verdade plenamente. A ciência é celebrada aqui e devidamente valorizada pela pessoa que mais lutou para que fosse amplamente difundida. Mas a fé também recebe o seu valor fundamental na história de Sagan, e mesmo quando um pastor de grande apelo ao público e dotado de sinceras boas intenções se reconhece incapaz de responder a dadas perguntas científicas, constatamos o quanto sua crença é mais de explanação subjetiva e menos de explicação material do todo. Não perde o seu mérito, mas nunca poderá tomar o lugar da ciência na visão de mundo que esta conduz. Mas fé e ceticismo se confundem nessa singular história, quando o contato se estabelece. A minúcia com que a situação é relatada e esmiuçada não é menos que memorável. O apelo emocional construído também é um dos pontos altos, eu diria a principal lição que Sagan deixa aos que seguem até o final da leitura.

Divulgação da ciência, apresentação do ceticismo científico aplicado na vida, emocionante relato sobre a condição humana, todos esses conceitos se aplicam ao livro de Carl Sagan, que merece ser redescoberto em uma época que clama por um maior contato com a leitura e, principalmente, com o pensamento crítico.


 

 

 

 

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