"O Farol", do diretor Robert Eggers, de "A Bruxa", é uma obra tão aberta e cheia de símbolos que é difícil esboçar uma interpretação. Será o personagem de Robert Pattinson um homossexual reprimido que é assombrado pela sexualidade, simbolizada pelo canto da sereia, e atormentado pela figura de um amante? Será ele um trabalhador que sonha em ser detentor das ferramentas de trabalho, simbolizado pelo farol, num mundo onde a ascensão social e o sonho neoliberal não passam de uma ilusão? Será ele e o personagem de Willem Dafoe o passado e o futuro de uma mesma pessoa atormentada por seus demônios? São esses dois personagens amantes que não podem consumar o seu desejo por incorporarem os preconceitos da época?
O fato é que o filme gera incomodo por ser tão cru, criando um horror em que o sobrenatural só aparece de relance, mas a realidade dolorosa, fria e intolerante, essa nunca vai embora. E, por isso mesmo, é genial. Como já fizera em "A Bruxa", Robert Eggers não larga o seu traço autoral e mostra que, mesmo que faça uso de seres da mitologia pagã em suas histórias, o mal está na intolerância e no preconceito de quem se julga certo sempre.
Direção: Robert Eggers
Elenco: Robert Pattinson , Willem Dafoe , Valeriia Karaman
Roteiro: Robert Eggers , Max Eggers
Fotografia: Jarin Blaschke
Música: Mark Korven
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