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sexta-feira, 3 de agosto de 2012 às 14:19 Postado por Gustavo Jacondino 0 Comments

 

O filme de Ridley Scott pode não agradar a todos que esperam um grande filme épico moderno de ficção científica, mas o seu ritmo cadenciado, o design inventivo e o seu simbolismo, além de performances muito boas, lhe garantem um lugar privilegiado na história do cinema.


De cara já somos surpreendidos por uma visão cosmopolita de uma Los Angeles do futuro, chuvosa, capitalista, superpovoada. Esse é o palco para a história de um caçador de replicantes que deve capturar quatro desses sujeitos que escaparam de uma nave vinda de outro planeta colonizado pelos terrestres. Por trás dos caminhos visuais belamente escolhidos por Scott, temos um clima noir que narra a história, na visão intimista de Deckard, o caçador em questão, e em certos elementos que sugerem, mas não definem, algum fato significativo em seu passado. O fato de estar sempre bebendo, ser solteiro, ter um piano ao qual é apresentada uma série de fotos antigas enigmáticas, a vontade de beijar uma replicante após ela olhar as fotos e soltar seu cabelo (terá ela tentado se parecer com alguém das fotos?), a imagem que surge de um unicórnio após um momento de devaneio de Deckard, enfim, todos elementos que não procuram nos dar uma resposta fácil para a pergunta: quem é, afinal Deckard?




Mas Blade Runner não é uma história maniqueísta, constatamos isso pelas razões que movem o antagonista dessa história, o líder dos replicantes fugitivos, Roy Batty, que está a procura de uma solução para uma imperfeição em sua estrutura: a vida útil limitada em quatro anos. Assim como nós, seres humanos, a procura de imortalidade. Roy é a síntese das lembranças perdidas após a morte. A sua tentativa de abrevia-la por um tempo faz dele um Cristo que não completou sua missão de salvar seus irmãos (inclusive Roy espeta um prego na própria mão). Não é uma luta entre bem e mal, uma vez que Roy não quer matar Deckart,  isso não irá lhe trazer a vida. Roy é um defensor da vida. E o assassinato que este comete aos seus criadores é a síntese de todas as blasfêmias já endereçadas à figura simbólica de Deus.


No seu final, descobrimos uma história de amor impossível, que precisa de uma certa dose de ilusão para acontecer. Um Éden perdido em algum lugar. Por que não enxergá-lo naquele figura mítica do unicórnio, que misteriosamente aparece na projeção. Blade Runner representa, em essência, o desejo de que nossos sonhos se tornem realidade, ou um dos poucos lugares onde eles realmente se tornam.











Direção: Ridley Scott


Elenco: Harrison Ford , Sean Young , Rutger Hauer , Daryl Hannah, M. Emmet Walsh, Edward James Olmos , Joanna Cassidy , Brion James , James Hong , William Sanderson , Morgan Paull , Joe Turkel


Roteiro: Hampton Fancher , David Webb Peoples


Fotografia: Jordan Cronenweth


Música: Vangelis


Montagem: Terry Rawlings


Design de Produção: Lawrence G. Paull


Figurino: Michael Kaplan , Charles Knode


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