Quem se aventura a assistir as obras de arte que
David Lynch dirige sabe que elas transcendem o próprio conceito de cinema enquanto linguagem, quebrando todos os paradigmas convencionais de um roteiro autoexplicativo e criando filmes tomados por uma série de incógnitas sem soar, por incrível que pareça, aleatório. Muito pelo contrário, é dessa forma que
Lynch faz surgir em nós sensações das mais viscerais, desde a melancolia, a dor profunda e o horror. Podemos não entender o que se passa em tela racionalmente, mas nossas sensações não saem incólumes à experiência. É sob esse prisma que a terceira temporada de “
Twin Peaks” se converte na experiência mais marcante do ano de 2017, cabendo aqui discutir sobre a mudança de paradigma que a televisão pode estar vivendo, se convertendo numa experiência por vezes mais criativa, ousada e gratificante do que o cinema mainstream, tomado pelas amarras de um formato feito para lucrar milhões em um único
Blockbuster sem poder ousar.
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