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terça-feira, 14 de março de 2017 às 13:20 Postado por Gustavo Jacondino 1 Comment


Geralmente filmes que se baseiam em histórias em quadrinhos se sobressaem quando transcendem a sua fonte e desenvolvem melhor, com a linguagem do cinema, situações e conflitos. Como são mídias diferentes, filmes devem ser espelhados por filmes e quadrinhos por quadrinhos. Por mais que se tente encontrar uma linguagem cinematográfica que unifique as duas mídias, “Logan” deixa uma coisa clara: os melhores exemplares de adaptações de quadrinhos são aqueles que nunca se esquecem que são adaptações, são filmes e acima de tudo, existem em função de seus personagens complexos e cheios de potencial dramático que podem ser explorados de maneira única no cinema. “Logan” é um filme que entende muito bem essa lógica e a aplica com perfeição e invejável segurança.


Dirigido por James Mangold, que comandara “Wolverine: Imortal” e que tem filmes bem interessantes no currículo, como “Garota Interrompida”, “Cop Land” e “Os Indomáveis”, “Logan” não é um filme sobre o herói mutante Wolverine, mas sobre uma pessoa chamada Logan, um homem que sofrera pesadas provações e que tem dificuldade em criar vínculos e amar. Nesse sentido a constante citação ao longa “Os Brutos Também Amam” é mais que bem vinda e enriquece a temática do filme. Apesar de James Mangold investir em boas sequências de ação, perseguição e duelos, o foco passa a ser puramente nos personagens e nesse sentido rever Patrick Stewart interpretando o outrora esperançoso e otimista Charles Xavier, mas que aqui passa a ser um personagem amargurado e decadente, não deixa de emocionar pela maneira que se dá o destino de seu personagem ao longo do filme e pelo fato de conhecermos praticamente toda a sua vida abordada ao longo da franquia X-Men. Nesse quesito também é interessante notar o clima sombrio e melancólico que o longa investe em compor o futuro da raça mutante, que parece nunca escapar dos preconceitos e da violência.


Inserindo no longa um pano de fundo de Ficção-Científica casada com Western, com um tom humanista e trágico que também lembra o ótimo “A Estrada”,  Logan é um filme visualmente dominado pela aridez de suas ambientações, passando a maior da projeção em ambientes desérticos ou dominados por ambientes de natureza vasta e muito presente, nunca caindo na armadilha de produzir um filme visualmente dessaturado e escuro achando que esse é o visual certo para um filme sério (mesmo que consiga também ter bom momentos de humor). Nesse sentido a fotografia e Design de produção trabalham em uníssono.

O vilão interpretado por Boyd Holbrook com sotaque e forte arrogância se destacam positivamente em a tela, mas a presença da jovem mutante Laura, interpretada pela ótima Dafne Keen, é um dos sustentáculos do filme. A personagem serve de catalisadora para os conflitos de Logan e é capaz de dialogar com questões referentes à identidade, passado e violência. Violência que aliás aqui é abraçada por Mangold de maneira corajosa e orgânica, uma vez que toda a temática envolvendo o personagem surge em função disso, sem se acanhar em fazer um filme que traz personagens que já mataram outras pessoas e muitas vezes aparecem banhados em sangue. Nesse sentido um monólogo de Charles Xavier que faz referência à culpa por fazer mal aos outros, mesmo que sem querer, e de Logan que revela se sentir culpado pelas pessoas que já matou, mesmo que elas tivessem merecido, demonstrando possuir mais empatia do que poderíamos esperar, só revelam a complexidade e a importância moral do longa, que nunca estabelece numa narrativa indulgente em relação aos personagens, tampouco encera seus questionamentos quando chega ao final.

A trilha sonora de Marco Beltrami é muito eficiente em retratar as sequências de ação com urgência e tensão, e igualmente eficaz nos momentos mais intimistas ao investir em tons melancólicos e suaves.

Num momento de pura metalinguagem em que Logan diz que a vida não se assemelha às páginas das HQ’s que traz em mãos, que pessoas morrem e sofrem de verdade, “Logan” se estabelece como um filme em que cada morte é profundamente sentida e o tom trágico e violento constrói um dos filmes derivados de quadrinhos mais maduros já feitos até hoje.





Direção: James Mangold

Elenco: Boyd Holbrook , Stephen Merchant , Richard E. Grant , Elizabeth Rodriguez , Eriq La Salle , Hugh Jackman , Patrick Stewart , Dafne Keen

Roteiro: Michael Green , James Mangold , Scott Frank

Fotografia: John Mathieson
Música: Marco Beltrami

Montagem: Michael McCusker , Dirk Westervelt

Design de Produção: François Audouy

Figurino: Daniel Orlandi

1 Response so far.

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