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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014 às 12:49 Postado por Gustavo Jacondino 0 Comments

A vida numa rua de classe média na zona sul do Recife toma um rumo inesperado, após a chegada de uma milícia que oferece segurança particular. A presença desses homens traz tranquilidade para alguns, e tensão para outros, numa comunidade que parece temer muita coisa. Enquanto isso, Bia (Maeve Jinkings), casada e mãe de duas crianças, precisa achar uma maneira de lidar com os latidos constantes do cão de seu vizinho.

O filme de Kleber Mendonça Filho nos entrega a visão pessoal da vida em um bairro de Recife, através de uma narrativa baseada numa sonoplastia construída através de um misto de sons diegéticos, selecionando o som ambiente para proporcionar ao espectador o mundo interno de cada personagem.

Vindo à tona fotos em preto e branco do nosso passado seguido de um corte seco para um menino de bicicleta e uma garota de patins num plano – sequência muito bem construído, podemos perceber a intensão do filme: traçar um panorama da vida da classe média, considerando seus anseios, angústias e, principalmente, o aparente marasmo de suas vidas. Filhos de passado cruel, que se reflete na maneira como Francisco administra a "sua rua", como se fosse o seu engenho, recrutando membros da família para o trabalho e protegendo o seu neto relapso e criminoso, a classe média retratado parece não ter um passado ou uma história da qual se orgulhe, se refugiando em seus roubos, em seus eletrodomésticos, em suas frustrações, em suas melancolias. Uma classe que termina por vender sua vida por um salário mínimo ou por programas de televisão vazios de significado.

“O Som ao Redor” apresenta um clima de tensão crescente, em particular com a chegada de um personagem que tem a proposta de proporcionar "segurança". Pois com a chegada de Clodoaldo, vemos evidenciada mais uma paranoia dos personagens retratados: o seu isolamento domiciliar, o medo do contato. Numa sociedade fundada por meio de violência e sustentada por ela, não é de se espantar que as coisas cheguem nesse nível de paranoia.

“O Som ao Redor” é uma crônica sobre a vida da classe média brasileira no microcosmo de um bairro de Recife, um retrato pessoal e intimista que Kleber Mendonça Filho constrói, preocupado em retratar a vida daquelas pessoas na dimensão exata em que se sucede. “O Som ao Redor” promove a nossa auto reflexão enquanto membros de uma sociedade fundada no colonialismo e na escravidão.


Direção: Kleber Mendonça Filho

Música: DJ Dolores

Roteiro: Kleber Mendonça Filho

Elenco: Maeve Jinkings, Gustavo Jahn, Irma Brown, Ana Rita Gurgel,Caio Almeida, Irandhir Santos, Júlio Rodrigues, Sebastião Formiga,Lula Terra, Dida Maia, Felipe Bandeira, Waldemar José Solha,Mauricéia Conceição, Graziela Santos da Rocha, Gabriela Santos da Rocha

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