De "O Bebê de Rosemary" a "Os Meninos do Brasil", "Imaculada" lança um olhar que anda na linha tênue entre um filme convencional descartável de horror e uma experiência aterrorizante e, em alguma medida, marcante.

Estruturando-se a partir de incidentes que vão se somando à atmosfera de estranheza que se estabelece desde os primeiros minutos, o longa tem passagens das mais convencionais possíveis, principalmente quando se sustenta a partir de sustos frontais, os famosos jump scares, aqui e ali. Até as situações de complicação que vão avançando com a trama são um tanto previsíveis.

O que se destaca em "Imaculada" é a maneira como algumas cenas são retratadas, buscando um choque a partir das mutilações do corpo que vão se somando ao longo da trama. Numa era em que os efeitos visuais pobres e farsescos têm tomado a tela do cinema de gênero, assistir a um longa que busca soluções que evocam um horror corporal mais visceral agrada muito. Fugir do sobrenatural também é uma decisão acertada do filme, que ataca a dominação do corpo da mulher de maneira acertada.

É no seu desfecho que o filme descortina de vez a sua mensagem, pertinente hoje em dia, numa época em que a sociedade conservadora busca controlar o corpo feminino reivindicando a proibição do aborto. A protagonista, interpretada pela atriz Sydney Sweeney, desejada e contestada por todos os olhares nos últimos anos, reivindica pra si o poder sobre o próprio corpo e a decisão de ser ou não mãe, num final visceral e cruel que marca a experiência de assistir "Imaculada".

Direção: Michael Mohan

Roteiro: Andrew Lobel

Montagem: Christian Masini

Fotografia: Elisha Christian

Música: Will Bates

Elenco: Sydney Sweeney, Álvaro Morte, Benedetta Porcaroli, Dora Romano, Giorgio Colangeli, Simona Tabasco, Giampiero Judica, Niccolò Senni, Giulia Heathfield Di Renzi, Betti Pedrazzi, Giuseppe Lo Piccolo, Cristina Chinaglia, Isabel Desantis, Viviane Florentine Nicolai, Marisa Regina, Laura Camassa, Cinzia Fantauzzi, Tiziano Ferracci