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domingo, 23 de março de 2014 às 11:31 Postado por Gustavo Jacondino 0 Comments


Selma Jezkova (Björk) é uma mãe-solteira tcheca que foi morar nos Estados Unidos. Ela tem uma doença hereditária que a faz perder a visão, algo que também deverá acontecer um dia a seu filho Gene (Vladan Kostig), um garoto de doze anos. Entretanto, ao saber que existem médicos nos Estados Unidos que podem operar seu filho, Selma imigra para o país. Ela trabalha muito duro e guarda tudo o que ganha para a cirurgia do filho. Bill (David Morse) e Linda (Cara Seymour), seus vizinhos, juntamente com Kathy (Catherine Deneuve), uma colega de fábrica, a ajudam no que é possível, mas quando Bill se vê em dificuldades financeiras rouba o dinheiro que Selma tinha economizado duramente. Este roubo é o ponto de partida para trágicos acontecimentos.

Lars von Trier nos provoca em seu “Dançando no Escuro”.  Muito conhecido por criar o movimento Dogma 95 junto com Thomas Vinterberg, o diretor buscou através da destruição do caráter de autor de filmes e da manipulação da montagem chegar num cinema limpo, num cinema que filmasse a “verdade”, ou melhor, algo muito próximo de uma realidade.

Partindo de uma estética de câmera na mão, algumas cenas parecendo ser compostas pelo improviso dos atores, cortes secos, toda essa técnica se esvai por alguns momentos nos números musicais. Nestes, a claridade é maior, há uma musicalidade interessante, proveniente de “sons  ambiente”, além da performance de Bjork, brilhante num papel difícil. Mas o que transparece na tela através de seu musical é a sensação de que os sonhos vão, pouco a pouco, sepultando-se, dando lugar a uma realidade opressora que consome a personagem.

As críticas não param por aí, o diretor dinamarquês não concebe nenhum personagem maniqueísta ou que assuma a responsabilidade de todos os males que acontecem em seu filme, uma vez que o grande culpado da história é o dinheiro e a dependência por ele. Ao tentar igualar a necessidade de Bill por dinheiro com a necessidade de Selma em pagar a cirurgia do filho, von Trier não perde a oportunidade de criticar o capitalismo estadunidense em seu "american way of life", principalmente quando evidencia as atitudes de preconceito em relação à origem comunista da personagem de Bjork.

Pois ao criar uma personagem vulnerável, alienada, que poderia ter se resguardado da morte com um pouco mais de esperteza, Lars von Trier nos faz refletir sobre a importância do cinema enquanto veículo de expressão artística que precisa não só abastecer seus cofres de dinheiro, mas também tornar consciente o seu público do mundo em que vive e de suas múltiplas realidades, ao mesmo tempo em que nos faz entreter.

Direção: Lars von Trier

Roteiro: Lars von Trier

Elenco: Björk, Catherine Deneuve, David Morse, Peter Stormare, Joel Grey, Cara Seymour, Vladica Kostic, Jean-Marc Barr, Vincent Paterson, Siobhan Fallon Hogan, Zeljko Ivanek, Udo Kier, Jens Albinus, Reathel Bean, Mette Berggreen, Lars Michael Dinesen, Katrine Falkenberg, Michael Flessas, John Randolph Jones, Stellan Skarsgård, Paprika Steen, Noah Lazarus, John Martinus, Luke Reilly, Sean-Michael Smith, Al Agami, Anna Norberg, Troels Asmussen, Caroline Sascha Cogez

Música: Björk

Montagem: François Gédigier Molly Malene Stensgaard

Fotografia: Robby Müller



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