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sábado, 24 de março de 2018 às 18:59 Postado por Gustavo Jacondino 0 Comments

Paul Thomas Anderson no set de "Vicio Inerente"

Dono de uma carreira praticamente perfeita e de uma narrativa madura e muito segura, Paul Thomas Anderson tem em cada filme uma pequena obra de arte que dificilmente não se destaca. Em 1997 dirigira "Boogie Nights", filme que retrata os bastidores da indústria pornográfica norte americana no final da década de 1970. Desde já é possível perceber um grande diretor atrás das câmeras e também se faz sentir a referência constante ao cinema de Martin Scorsese, principalmente na maneira como Paul Thomas Anderson inicia o filme, com um longo plano sequência que remete ao longo plano sequência de "Os Bons Companheiros" e na maneira como o filme conclui, num final que lembra o desfecho de "O Touro Indomável". No meio do caminho é possível perceber referências que vão desde "Taxi Driver", "Cassino", "Caminhos Perigosos", entre outros. O vídeo mais abaixo, editado por Jorge Luengo Ruiz, compila esses momentos com maestria, além de fazer lembrar grandes momentos da filmografia de Scorsese sob o prisma desta grande obra que é "Boogie Nights".






Heather Graham e Paul Thomas Anderson no set de Boogie Nights


Melora Walters, John C. Reilly, Paul Thomas Anderson, Don Cheedle e Mark Wahlberg no set de "Boogie Nights"

É interessante notar como Paul Thomas Anderson, que na década de 1990 tinha filmes que conversavam muito com o universo dos filmes de Quentin Tarantino, Guy Rithie e Robert Altman aos poucos vai mudando e evoluindo na sua linguagem ao longo do tempo. Em 1999 realizara o espetacular "Magnólia", filme ousado, com roteiro complexo e com uma trama altamente humana, tudo isso narrado com um toque pop e inventivo, referenciando uma linguagem muito influenciada por videoclips, uma mídia altamente explorada pelo diretor. Em "Embriagado de Amor", de 2002, temos um filme estrelado por Adam Sandler que foge do esteriótipo construído pelo comediante ao longo de sua carreira até ali e depois. Esse é um drama romântico forte e intimista, ao mesmo tempo que tem ares de cinema experimental com uma trilha que pipoca constantemente e travellings inventivos. Dos filmes estrelados Adam Sandler, esse disparado é meu preferido. Em 2007, um dos grandes destaques da temporada fora "Sangue Negro", um filme tecnicamente impecável que conta com uma atuação soberba de Daniel Day-Lewis, contando uma história que se passa na virada do século XIX para o século XX, com a descoberta de um poço de petróleo. Não deixa de ser uma reflexão sobre os nossos tempos, num mundo tão depende de recursos naturais e combustíveis que muitas vezes tem procurado justificar guerras entre nações em nome da posse desses recursos, como a própria história recente norte americana mostra.

Paul Thomas Anderson e Daniel Day-Lewis no set de "Sangue Negro"

Em "O Mestre", mais uma vez o diretor resolve abordar o impacto que o poder tem em seus personagens, dessa vez explorando a tendência que temos em sermos controlados ideologicamente por outros, nos tornando massa de manobra e sacrificando a própria identidade, ao mesmo tempo que desenvolve um impressionante estudo de personagem com Freddie Quell brilhantemente interpretado por Joaquin Phoenix, um indivíduo difícil e problemático, com características que extrapolam o lado da violência e o seu vício por sexo, ao mesmo tempo que Philip Seymour Hoffman como Lancaster Dodd tenta refrear esses instintos com a sua ideologia religiosa denominada "A Causa".

Philip Seymour Hoffman, Joaquin Phoenix, e Paul Thomas Anderson no set de "O Mestre"

Jason Robards e Paul Thomas Anderson no set de "Magnolia"

Tom CruisePaul Thomas Anderson no set de "Magnólia

Em "Vício Inerente", que remete muito à "O Perigoso Adeus", de Robert Altman, outra grade influência de  Paul Thomas Anderson, o senso de humor muito particular do diretor, o personagem deslocado e a reconstituição de época se destacam durante o filme, adaptação de uma livro de Thomas Pynchon e que envolve uma trama investigativa. Seu último filme fora o indicado ao Oscar "Trama Fantasma" e está entre os seus melhores trabalhos, abordando o relacionamento de Reynolds Woodcock (Daniel Day‑Lewis), renomado estilista e Alma (Vicky Krieps), sua musa e amante. O grande destaque está na maneira como os personagens são concebidos, tornando esse relacionamento um embate entre personalidades fortes, que no final exorcizam seus demônios e fantasmas internos. Vale citar as semelhanças com Rebeca, grande filme de Hitchcock, mas aqui Alma não é uma personagem passiva e inocente, mas decidida e tão obsessiva quanto o seu amado. Já é possível notar que as referências de Paul Thomas Anderson estão contidas firmemente no cinema clássico e não há mais grandes movimentos de câmera e planos sequência longos. Desta vez cada enquadramento é cuidadosamente calculado e cada diálogo do roteiro é espetacularmente escrito.

Paul Thomas Anderson e Daniel Day-Lewis no set de "Trama Fantasma"

Vídeo que relaciona as influências de Martin Scorsese em Boogie Nights

Scorsese's influences in Boogie Nights from Jorge Luengo Ruiz on Vimeo.

Vídeo em inglês que traça as similaridades entre os filmes de Paul Thomas Anderson 



Trailer de "Trama Fantasma"


O Making of de "Magnólia"


O vídeo abaixo compila momentos da filmografia de Paul Thomas Anderson



Clip de "Save Me", de Aimee Mann, que domina a trilha sonora de "Magnólia" e canta em meio aos personagens do longa. O Clip fora dirigido pelo próprio Paul Thomas Anderson.


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