Depois de dirigir a agradável surpresa que fora “Invocação
do Mal”, o diretor James Wan retorna nesta continuação, “Invocação do Mal 2”,
mostrando estar mais seguro como diretor e realizando, assim como no filme
anterior, um longa que é movido por clichês típicos do gênero, como um rosto
que surge no canto do quadro no momento em que a trilha aumenta o som,
encenação de possessão demoníaca e decisões previsíveis dos personagens quando
o filme se encaminha para um desfecho, além dos momentos em que emprega a
computação gráfica de maneira não muito elegante, uma característica recorrente
de um filme que tem orçamento gordo. Mas o que faz tudo isso funcionar ao longo
do filme?
Quando James Wan mostra algo surgir no canto do quadro para gerar o
susto, o diretor faz isso com um movimento de câmera panorâmico que faz parecer
que o próprio expectador está virando o rosto rapidamente, ou põe seus
personagens para correr enquanto faz um plano-sequência espetacular para trazer
a tona urgência e tensão. Quando decide usar um plano holandês, que é inclinado
em relação ao eixo da personagem, Wan não o faz por fetichismo estilístico, mas
sim por apresso à narrativa que está construindo, assim com o mestre Hitchcock,
que comentei no meu texto sobre “Rebecca A Mulher Inesquecível”. Nos momentos
em que usa CGI, mesmo nos mais fracos, em que o efeito não é tão orgânico, Wann
tem o cuidado de expor de maneira mais econômica.
O filme também conta com um elenco carismático e seguro, o
prestativo e amigável Ed Warren de Patrick Wilson, a sensitiva e forte Lorraine
Warren de Vera Farmiga, a mãe abalada que sofre ao longo do filme interpretada
por Frances O'Connor, além da Janet Hodgson de Madison Wolfe, que tem uma
interpretação que aos grandes filmes de possessão demoníaca. O resto do elenco
mirim é igualmente eficiente e contribuem para passar a ideia de uma família
unida e abalada. As imagens e os áudios referentes ao caso real ajudam a
concluir a imersão no filme de maneira interessante e só reforçam a
caracterização da época construída pelo design de produção e pelos figurinos,
intensificados pela fotografia, caracterização essa que é muito bem realizada e
crível, um espetáculo à parte. Além da trilha sonora intensa e funcional, a
escolha e emprego das músicas de Elvis e Bee Gees são muito acertados por se
tratarem dos artistas citados e por ser mais um elemento que combina com a
caracterização da época, com destaque para um desfecho dos mais bacanas e
românticos.
Enfim, James Wan mostra que o gênero de terror é terreno
fértil para o exercício de estilo e o trabalho técnico, algo que só grandes
cineastas demonstram ter e que, cumprindo essa expectativa, os clichês do
gênero nunca são um problema, para quem sabe se comunicar através deles.
Direção:
James Wan
Elenco:
Patrick Wilson, Vera Farmiga, Madison Wolfe, Frances O'Connor, Lauren Esposito,
Benjamin Haigh, Patrick McAuley, Simon McBurney, Maria Doyle Kennedy, Franka
Potente
Roteiro:
Carey Hayes, Chad Hayes, James Wan, David Leslie Johnson
Música: Joseph Bishara
Fotografia: Don Burgess
Monytagem: Kirk M. Morri
Design de Produção: Julie Berghoff
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