Donnie Pfaster tem o estranho hábito de arrancar unhas e mechas de cabelos de cadáveres. Ao ser demitido de uma funerária, passa a produzir os seus próprios cadáveres.
O que faz com que "Irresistível" se sobressaia dos demais episódios da série e tenha um lugar de destaque na história de "Arquivo X", além da direção inteligente de David Nutter e do ótimo roteiro de Chris Carter, é o fato de que temos aqui um caso de um psicopata, sem nenhum elemento sobrenatural na história, mas simplesmente um ser humano que mata outros seres humanos, algo mais difícil e aterrorizante de se pensar do que quando temos monstros da semana ou alienígenas. Nesse caso o monstro é aquele que vemos nos noticiários diariamente.
Escrito por Chris Carter, esse episódio só reforça a alegoria construída ao longo da série, de usar o sobrenatural e o fantástico como símbolos da natureza humana desvirtuada, mas também mostra que muitas vezes é mais fácil crer em algo sobrenatural para aceitar aquilo que temos mais dificuldade em entender: que muitas vezes o ser humano pode ser perverso, sem que haja alguma explicação que justifique essas ações. Nesse sentido os inserts de Donnie Pfaster sendo visto literalmente como um demônio só reforçam esse aspecto presente no nosso imaginário, de crer em algo para além da natureza humana que possa resolver nossas dúvidas e medos.
A direção de Nutter mais uma vez é precisa e contribui para um clima forte de tensão, e é interessante notar que, ao longo do episódio várias pistas de Scully sendo ameaçada são plantadas, e quando a personagem é sequestrada, lembramos em comparação dos episódios "Duane Barry" e "A Ascensão" em que Scully é sequestrada e abduzida. Porém, em "Irresistível" a tensão e a ameaça sofrida pela personagem parece mais intensa e preocupante, por se tratar de um caso extremamente crível e que vemos acontecer constantemente no nosso mundo. Outro momento marcante é quando Scully conversa com a psicóloga do FBI, revelando seus medos e incertezas diante do caso e sua relação com Mulder, nesse momento a trilha sonora que era praticamente onipresente desaparece, dando lugar a um monólogo da personagem que por si só já é capaz de criar a angústia e a preocupação pretendida sem a presença da música de Mark Snow.
Vale ressaltar aqui que a performance de Gillian Anderson atinge a perfeição que é fundamental para o episódio. Os monólogos de Scully e Mulder na construção do relatório do caso e no momento do desfecho são intensos e extremamente bem escritos, reforçando "Irresistível" como um episódio de destaque ao longo de toda a série.
Escrito por: Chris Carter
Dirigido por: David Nutter
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