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terça-feira, 29 de março de 2016 às 12:13 Postado por Gustavo Jacondino 0 Comments

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Com a tarefa hercúlea de introduzir um filme da Liga da Justiça e da Mulher Maravilha, continuar O Homem de Aço e encaminhar uma nova interpretação do Homem Morcego, este Batman VS Superman usa suas duas horas e meia de maneira cansativa, gerando bons momentos, mas com a sensação de que merecíamos mais.
Dirigido pelo talentoso, mas aqui contido, Zack Snyder, que praticamente abandonou a sua estética marcante em construir planos elaborados e belos, fazendo bom uso da câmera lenta, dando lugar a uma visão dessaturada e sombria, extremamente séria e que não condiz com o que poderíamos esperar do diretor de Watchman. Mas, claro, essa postura foi assumida desde O Homem de Aço possivelmente influenciado pela produção de Christoper Nolan e na ideia de que os filmes de super-heróis devem ser mais carregados de uma visão soturna. Isso pode ter funcionado na trilogia do Batman de Nolan, mas sempre vai soar estranha para Superman.

Introduzindo uma breve e eficiente apresentação de Bruce Wayne e as consequências da batalha final de O Homem de Aço, dissecando o peso das mortes que o filme anterior ignorara, a animosidade entre os personagens se estabelece pelo conflito de egos, mas principalmente pela diferença de personalidade entre os heróis. Ben Affleck constrói aqui um Bruce Wayne já esgotado pela luta contra o crime, povoado de pesadelos, bem experiente e mais violento que estávamos acostumados, características que se distanciam do trabalho de Christian Bale, o que é muito bom e que por si só já justifica a nova visão do personagem, que é mais próxima dos quadrinhos de Frank Miller. Já o Superman de Henry Cavill é visto como um Deus, sendo alvo de discussões sobre democracia, política e messianismo, algo que faz com que haja certa impressão de realidade no filme, ao se buscar o debate sobre a presença do herói. Porém o que mais chama a atenção em Clark Kent é a sua humanidade e fraqueza em relação às pessoas que ama, característica usada para compor o personagem e dar andamento à trama.

A presença de um Lex Luthor interpretado por Jesse Eisenberg, mais jovem, igualmente megalomaníaco como já estávamos habituados e mais excêntrico do que nunca, soa positiva, ainda que carregado da persona de Mark Zuckerberg em A Rede Social, mas não tão ameaçadora quanto poderia ser. A Mulher Maravilha de Gal Gadot  é uma personagem que não é muito desenvolvida durante o longa, mas conta com o carisma e a segurança da atriz e abre espaço para a possibilidade de outros heróis configurarem nessa formação da Liga da Justiça em filmes futuros.

Dividindo a atenção entre os dois personagens título, o conflito de egos e ideologias, o duelo entre os heróis é o melhor momento da projeção, quebrado pela artificialidade de uma coincidência que soa melodramática e artificial. Isso expõe a fraqueza do roteiro escrito por Chris Terrio e David S. Goyer, que falha em estabelecer conflitos aos personagens e em tomar decisões duvidosas, como os atos de Lex Luthor no decorrer do filme, que fora capaz de criar um vilão na pele do Apocalypse de maneira improvável e conveniente, para dizer pouco. Nesse ponto chegamos naquele que é o mais ponto fraco do filme: o vilão. O Monstro digital dificilmente empolga desde quando aparecera nos trailers, e no filme não é diferente. O tom de ameaça nunca é forte o bastante, o visual do antagonista está longe da perfeição que os efeitos digitais podem oferecer e a imaginação é capaz de criar. Mal imaginado e mal executado.

A trilha de Junkie XL e Hans Zimmer é barulhenta, isso é certo. Aproveita reiteradamente o tema do filme anterior criado para ser o tema do Superman, mas que não passa de algumas batidas ao som de uma orquestra. Ao escutar as músicas que tocam durante os créditos, podemos perceber que a impressão que fica é da falta de personalidade que a trilha possui.

A direção de Snyder nas sequências de ação é longe de ser brilhante. A montagem é rápida, frenética e que aliado a uma seção 3D, e com a já citada fotografia descolorida, gera cansaço.

Ao chegar ao final, ou aos muitos finais seguidos que temos que assistir, com a sensação de que o filme já acabara faz tempo e que parece que estamos assistimos a um material extra, a impressão é de que o longa se estendera demais. Diante do tanto de elementos que pretendia apresentar, essa não deveria ser a impressão final. Ela é resultado de um ritmo que vai se perdendo a partir do terceiro ato e não se recupera mais. E mesmo considerando que se trate de um filme prólogo, é uma pena que a sensação de insatisfação prevaleça.

Direção: Zack Snyder

Elenco: Ben Affleck , Henry Cavill , Amy Adams , Jesse Eisenberg , Diane Lane , Laurence Fishburne , Gal Gadot , Scoot McNairy , Callan Mulvey , Mercy Graves , Kevin Costner , Carla Gugino , Michael Shannon , Jeremy Irons , Holly Hunter

Roteiro: Chris Terrio , David S. Goyer

Produção: Charles Roven , Deborah Snyder

Fotografia: Larry Fong

Música: Junkie XL , Hans Zimmer

Montagem: David Brenner

Design de Produção: Patrick Tatopoulos

Figurino: Michael Wilkinson

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