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domingo, 1 de junho de 2014 às 14:43 Postado por Gustavo Jacondino 0 Comments

Adaptação da autobiografia de Solomon Northup, publicada em 1853, quando Northup, um homem negro livre e casado, foi sequestrado e forçado a viver como escravo.

O tema da liberdade, muito caro ao diretor Steve McQueen, é desenvolvido em seu “12 Anos de Escravidão” de maneira a fugir de certos mecanismos de persuasão do espectador que outros diretores abraçariam. Desse forma, McQueen faz um retrato sincero da situação, dos pontos de vista de seus personagens, e um retrato ideológico da época.

Montando seu filme de maneira que possamos entender a ordem cronológica dos acontecimentos somente após uma virada fundamental no enredo, somos apresentados a Solomon Northup, chamado de Platt por seus Mestres, descrito como um negro excepcional que sabe ler, escrever, tocar violino, e também lutar pela sobrevivência. Pois ao ser sequestrado e tratado como mera mercadoria, o mérito da interpretação de Chiwetel Ejiofor se iguala aos méritos de uma fotografia que trabalha com luz e sombras em dado momento, em outros mostra a beleza dos cenários naturais como belo contraste às atitudes desumanas demonstradas, enquanto Hans Zimmer compõe uma trilha sutil que envolve por seus tons melancólicos que lembram, inclusive, a faixa Time, da trilha de “A Origem”, também composta por Zimmer. McQueen tem o mérito de narrar a sua história sem criar nenhum personagem caricato ou maniqueísta, pois mesmo a rígido Epps de Michael Fassbender, em dado momento do filme, apresenta suas motivações à Platt enquanto chicoteia determinada escrava, evidenciando que, como dono de uma grande propriedade que obtém seu máximo lucro através do trabalho escravo, nada mais é do que um produto do seu meio, burguês, escravista e machista, sendo o juiz dentro de suas próprias terras e dono de crenças atrasadas de superioridade racial e ideológica. Pois Epps aceita sua condição dessa maneira sem contestar a falta de humanidade com que trata seus trabalhadores. Pois até em dado momento em que conversa com Platt após receber uma advertência sobre uma certa carta, este dá-se conta da perspicácia e da inteligência de Platt, enquanto nós, como público, admiramos a maneira como este é capaz de manipular Epps.

Tendo parte de sua vida roubada por crenças desumanas motivadas pela ganância de empregar uma mão de obra escrava capaz de maximizar lucros e ideologias criadas em torno disso, ainda vemos em nossa sociedade, mesmo depois de pouco mais de 100 anos, esse tipo de máscara configurar no palco em que somos atores e audiência ao mesmo tempo, por vezes tais máscaras são por nós mesmos usadas, ao ressaltar parte de um grupo como inferior. 




Direção: Steve McQueen

Roteiro: John Ridley, Steve McQueen

Elenco: Chiwetel Ejiofor, Michael Fassbender, Brad Pitt, Paul Dano, Benedict Cumberbatch, Lupita Nyong’o




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