Num futuro apocalíptico dominado por Sentinelas, professor Xavier (Stewart) e Magneto (McKellen) resolvem usar os poderes de Kitty Pride (Page) a fim de mandar a consciência de Wolverine (Jackman) para o passado para que possa evitar a construção dessas máquinas de destruição.
Logo nos primeiros minutos nos deparamos com o cenário apocalíptico que a presença dos Sentinelas provocaram sob a Terra, e como os mutantes sobreviventes reagem a isso. Os efeitos que recriam os Sentinelas e os poderes dos mutantes são fantásticos, um complemento muito rico para um filme que se baseia essencialmente na história de seus personagens e em suas interações. Interação, inclusive, é a palavra-chave para esse filme, que possui a união do novo com o antigo elenco dos mutantes, tendo como elo Wolverine. É difícil de identificar o protagonista ou os protagonistas quando cada personagem tem o seu papel dentro do todo e contribui de fato para um objetivo final, não caindo simplesmente numa adaptação de quadrinhos que se ocupa em fazer meras menções à personagens conhecidos sem que estes exerçam alguma função de fato à narrativa.
Por falar na narrativa, o diretor Brian Singer, que tem a vantagem de conhecer muito bem os personagens responsáveis por alavancar a sua carreira no cinema, nos entrega sequências que envolvem humor, mas de maneira orgânica e sem fugir ao tom da história que está contando, ao mesmo tempo que aproveita ao máximo a dramaturgia provocada pelo roteiro e maravilhosamente executada pelo excelente elenco, que nunca perde a oportunidade de conferir cada vez mais complexidade aos personagens, mesmo que sejam mínimos os momentos em tela.
Ainda elogiando o desempenho do diretor e de sua equipe técnica, é inegável a força dramatúrgica que algumas sequências possuem, em especial ao final do longa, por serem narradas em montagem-paralela através do vaivém no tempo, dando alto peso às ações tomadas no passado, por mínimas que possam parecer, para a construção do futuro.
O conceito de viagem no tempo utilizado no filme, apesar de não ser novo, é extremamente interessante, inclusive na maneira natural como resolve os paradoxos que sempre surge em situações hipotéticas de viagem no tempo e que torna os filmes que exploram esse conceito muito fascinantes, quando conseguem resolver os paradoxos e os ciclos que surgem nas idas e vindas dos personagens através do tempo. Pois “X-Men - Dias de um Futuro Esquecido” trata inclusive do conceito de personalidade, ligado às memórias acumuladas, e sobre o questionamento do determinismo do futuro, encontrando solução nas escolhas tomadas a cada momento pelos indivíduos que, sim, são artífices de sua própria história.
Observação: Vale mencionar que o 3D do filme, apesar de bom, é dispensável, pois confere só um atrativo a mais que não exerce função narrativa em nenhuma sequência específica. Digo o mesmo para o 3D de “O Espetacular Homem Aranha 2”.
Direção: Bryan Singer
Roteiro: Simon Kinberg
Elenco: Hugh Jackman, Michael Fassbender, James McAvoy, Jennifer Lawrence, Nicholas Hoult, Peter Dinklage, Ellen Page, Shawn Ashmore, Omar Sy, Evan Peters, Josh Helman, Halle Berry, Bingbing Fan, Patrick Stewart e Ian McKellen.
Postar um comentário