“Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres” conta a história do jornalista Mikael Blomkvist (Craig), condenado por uma matéria escrita contra um empresário poderoso. Temendo prejudicar a reputação da revista “Millennium”, ele decide se afastar e é contratado pelo milionário Henrik Vanger (Plummer) para investigar o desaparecimento de sua sobrinha ocorrido há 40 anos. Cercado pela estranha família Vanger, que inclui ex-nazistas e segredos pesados, Mikael acaba contando com o auxílio da hacker Lisbeth Salander (Mara), uma jovem problemática que encontra-se sob supervisão do Estado em função de seu passado.
O filme de cara já nos apresenta um ritmo ágil de estabelecer as suas personagens, com direito a um clip musical no melhor estilo cinessérie, cheio de significantes que remetem à história da sua protagonista. Toda essa construção inicial torna crível a formação de uma improvável dupla de investigadores composta por um jornalista acusado de difamação e uma hacker órfã. Dado o bom desenvolvimento que temos de ambos, é interessante notar que mesmo depois de o “mistério ter sido solucionado”, David Fincher nos entrega mais alguns minutos de filme para que possamos acompanhar os rumos de suas personagens, uma vez que são psicologicamente muito ricos e complexos, em especial Lisbeth Salander.
Tecnicamente, é interessante a maneira como as cenas são concatenadas dentro do longa, como aquela sequência de perseguição de um carro por uma moto, demonstrando paralelismo bem estruturado entre os planos.
Apesar de um grande mistério por trás da investigação e de sua inusitada e surpreendente conclusão, o que prevalece em Millenium são, acima de tudo seus personagens. E seu eu disse anteriormente que a dupla de investigadores era improvável, ao final percebemos o porquê, quebrando não só a ilusão alimentada por Lisbeth Salander, mas também como um interessante recurso de David Fincher para sair da projeção e encarar a crueza do mundo real, que inevitavelmente Lisbeth terá de enfrentar também.
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