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terça-feira, 12 de abril de 2022 às 17:01 Postado por Gustavo Jacondino 0 Comments

Desde 2015 com "Hacker" que o diretor Michael Mann não assina a direção de um filme ou, como nesse caso, uma série. Contando a história de um jornalista ocidental que trabalha para um jornal japonês em Tóquio e acaba tendo que confrontar um dos mais perigosos chefes do crime da cidade. Essa situação já aparece nos primeiros minutos do episódio de estreia, antes de voltar para o ano de 1999 e passar a contar a sua história do princípio. "Tokyo Vice" se vale muito da experiência e do talento do veterano diretor de "Miami Vice" e "Fogo Contra Fogo" para construir o tom da série, a começar pela textura da imagem, profundidade de campo reduzida, paleta de cores vibrante e ao que parece a série é filmada em câmera digital como os últimos trabalhos de Mann (quem assina a fotografia no primeiro episódio é John Grillo, de "Westworld"). 

O diretor também usa o espaço da cidade para caracterizar os conflitos das personagens de maneira muito visual e sofisicada. Conforme foi citado no ótimo artigo da IndieWire escrito por Ben Travers, que pode ser acessado aqui, um dos momentos-chave do episódio é quando vemos um close desfocado do rosto de um homem, enquanto ao fundo vemos várias linhas de trens que passam por aquele espaço, criando um emaranhado, uma teia de caminhos. A medida que o foco encontra o rosto do sujeito morto, o movimento de câmera revela uma espada no seu peito, incrustada tal qual aquelas linhas de trem que perfuram o espaço da cidade, e a máfia e seus crimes encobertados revelam-se tão emaranhados naquela sociedade quanto aquelas linhas de trem.






Já o Jake interpretado por Ansel Elgort mostra-se um ocidental deslocado por aqueles costumes e aquela sociedade, na maneira como é tratado na redação do jornal pelo seu superior, com preconceito por ser um estrangeiro e judeu, mesmo que brilhante no domínio do idioma japonês. Claro que essa trama do ocidental que irá desvendar os crimes da máfia japonesa com o seu olhar distinto pode soar como uma trama de "salvador branco", de fato, apesar de termos Ken Watanabe no elenco para equilibrar a balança. Dois momentos em particular que Mann mostra o personagem caminhando na rua, subindo até o seu quarto e acendendo a luz do quarto, a única luz ligada naquele horário, sob o "olhar" de um outdoor bem em frente. Esse mesmo outdoor é mostrado em outro plano espetacular através da janela do quarto do protagonista em outra cena. Jake é esse sujeito observado e vigiado pelo crime organizado enquanto tenta desvendar os assassinatos que presencia, e o diretor Michel Mann é certeiro em mostrar isso visualmente.






Os outros dois episódios apresentam uma trama mais intrincada e guiada por diálogos, sem o brilhantismo da direção de Mann. Mesmo assim é uma série que, com três episódios até agora, instiga o espectador numa ótima trama investigativa.

Abaixo o trailer de "Tokio Vice":



Abaixo os trailers de "Profissão: Ladrão", "Fogo Contra Fogo", "Colateral" e "Miami Vice", grandes filmes de Michael Mann.















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