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quinta-feira, 1 de junho de 2017 às 10:25 Postado por Gustavo Jacondino 0 Comments


Um enquadramento específico é capaz de definir muito bem este mais novo trabalho do diretor Mel Gibson. Desmond Doss, soldado que trabalha na ala médica do exército americano e se recusa em pegar em armas durante a Batalha de Okinawa, interpretado com muito comprometimento e competência por Andrew Garfield, está coberto em sangue é banhado em água, num frame composto pelo céu limpo e pleno ao fundo, simbolizando praticamente um batismo, que para Doss faz muito sentido, uma vez já tendo sofrido os impactos das relações violentas com o pai e com o irmão, tem na sua própria dor física e martírio a construção de sua redenção. Os símbolos religiosos se fazem presentes e muito bem explorados por Gibson, mas a maturidade do diretor aparece quando vemos que o personagem usa a religião como um meio de transcender sua própria realidade e amenizar os traumas causados pela relação conflituosa, apesar de respeitosa, com o pai, encarnado por Hugo Weaving com sua costumeira competência e intensidade.


As sequências de guerra são um espetáculo a parte, tamanho o grau de realismo e impacto que causa, aliado a um design de som espetacular, uma fotografia que retrata as batalhas em cores mais dessaturadas que as cenas contidas no primeiro ato e da já conhecida apreciação do diretor em filmar as consequências da violência em seus personagens. Também se destaca a maneira inteligente com que se procura estabelecer o antagonismo dos japoneses, sem tornar a sua presença tão maniqueísta quanto outros realizadores já fizeram, e sem estabelecer um heroísmo norte americano exagerado e exaltado. O verdadeiro herói desta história é justamente aquele personagem que não pega em armas, não provoca a morte, luta pela suas crenças e não hesita em salvar a vida mesmo daquele que é seu inimigo, sendo muito bem vindo o último plano do filme, que exalta essa personalidade próxima do céu em seu momento de redenção, seguida dos depoimentos do verdadeiro Desmond Doss


Até o Último Homem” é um filme que se encaixa muito bem dentro da filmografia de Mel Gibson, que consegue explorar como ninguém o potencial do enredo, gerar o impacto que normalmente consegue evocar em seus filmes e refletir sobre sofrimento, redenção, dor e o papel da espiritualidade nisso tudo. 



Direção: Mel Gibson

Elenco: Andrew Garfield , Hugo Weaving , Rachel Griffiths , Teresa Palmer , Luke Bracey , Nathaniel Buzolic , Luke Pegler , Ben Mingay , Michael Sheasby , Goran D. Kleut , Milo Gibson , Matt Nable , Robert Morgan , Richard Roxburgh , Sam Worthington , Vince Vaughn
Roteiro: Robert Schenkkan , Andrew Knight

Fotografia: Simon Duggan

Música: Rupert Gregson-Williams

Montagem: John Gilbert

Design de Produção: Barry Robison


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