Uma das estratégias usadas por muitos roteiros de cinema ao conceberem seus personagens é torná-los exímios naquilo que se propõe fazer. Se adoramos Hannibal Lecter, não é pelo fato dele ser um assassino frio, mas pelo fato dele ser o melhor assassino que vimos no cinema, se nos envolvemos com o Neil McCauley de Robert DeNiro em “Fogo Contra Fogo”, é por sua disciplina e cuidado ao escolher os assaltos que executa e na atenção que este dá aos detalhes que podem dar errado, e em igual peso temos o Vincent Hanna de Al Pacino no mesmo filme, que compartilha com McCauley as mesmas características, mas dessa vez do outro lado da moeda. Parece mais fácil nos sentirmos envolvidos e entender personagens que são bons naquilo que fazem, seja o que for. Obviamente isso não é regra e muitos filmes que mostram personagem que fracassam ou não são tão espertos muitas vezes são igualmente envolventes (como, por exemplo “O Assassinato de um Presidente”). Porém, neste novo trabalho de Fede Alvarez, que estreara ano passado e que só pude conferir agora, a maneira estúpida com que os personagens são retratados, ao invés de representar um defeito que condene o filme, pelo contrário, é usada com certa inteligência e conveniência por Alvarez, que também assina o roteiro ao lado de Rodo Sayagues.
Tendo se destacado pela ótima refilmagem do clássico de terror “Evil Dead”, Fede Alvarez mostrara em seu “A Morte do Demônio” bastante inteligência em trazer em sua história motivações interessantes aos personagens e circunstâncias críveis, afinal uma pessoa que acabara de largar as drogas e diz ver assombrações numa cabana só poderia ser tratada com descredito pelos amigos. As sequências em que mostra sangue e violência são envolventes e quase tarantinescas, e o filme tem um clímax envolvente ao seu desfecho. Pois “O Homem nas Trevas” se trata mais de exercício de estilo do que qualquer outra coisa.
Explorando constantemente a possibilidade de colocar a câmera onde bem quiser e executar travellings que exploram o espaço fechado de uma casa, Alvarez se sai muito bem em criar tensão baseado na expectativa do público ao longo do filme. De cara estabelece o trio de personagens altamente improvável, formado por um marginal interpretado por Daniel Zovatto (sugestivamente chamado de Money, numa daquelas referências nada sutis) que, depois de receber uma quantia que julgara abaixo do valor que esperava de uma mercadoria roubada, descobrira a brilhante ideia de roubar dinheiro, por Rocky (Jane Levy, muito intensa no filme), uma garota que vive numa família desestruturada e que sonha sair de casa com a irmã, mas para isso precisa de dinheiro e do filho do proprietário de uma empresa de segurança, Alex (Dylan Minnette) que possui todas as ferramentas para arrombar uma casa e as usa porque está interessado em Rocky, uma motivação, diga-se de passagem, das mais risíveis e que existe somente pera justificar a presença de alguém que pode facilmente abrir as portas da casa. Todavia, aquilo que parece ser o maior defeito do filme se torna algo aceitável à medida que a história começa a tomar forma e a presença de Stephen Lang como o "Homem Cego" começa a tomar forma na tela. A quantidade de disparates, soluções improváveis e revelações absurdas e até repulsivas em relação ao "Homem Cego", aliada ao esforço do diretor em querer constantemente surpreender o espectador a qualquer custo até o desfecho do longa, tornam o filme divertido e despretensioso, usando a falta de empatia que temos em relação aos personagens, algo propiciado pelo roteiro absurdo, como um meio de criar a expectativa de quem e quando este ou aquele vai morrer, ou não. Nesse sentido a introdução do filme faz o seu papel de prender o público para conferir os destinos dos personagens e o maior pecado do longa é querer criar discursos moralistas como o de que um homem que não acredita em Deus é capaz de fazer tudo, como se isso justificasse a maldade, argumento preconceituoso e falso, e nas próprias motivações de Rocky, como se o fato de ela morar numa com a mãe irresponsável e ter uma irmã pequena justificasse seus crimes.
Explorando constantemente a possibilidade de colocar a câmera onde bem quiser e executar travellings que exploram o espaço fechado de uma casa, Alvarez se sai muito bem em criar tensão baseado na expectativa do público ao longo do filme. De cara estabelece o trio de personagens altamente improvável, formado por um marginal interpretado por Daniel Zovatto (sugestivamente chamado de Money, numa daquelas referências nada sutis) que, depois de receber uma quantia que julgara abaixo do valor que esperava de uma mercadoria roubada, descobrira a brilhante ideia de roubar dinheiro, por Rocky (Jane Levy, muito intensa no filme), uma garota que vive numa família desestruturada e que sonha sair de casa com a irmã, mas para isso precisa de dinheiro e do filho do proprietário de uma empresa de segurança, Alex (Dylan Minnette) que possui todas as ferramentas para arrombar uma casa e as usa porque está interessado em Rocky, uma motivação, diga-se de passagem, das mais risíveis e que existe somente pera justificar a presença de alguém que pode facilmente abrir as portas da casa. Todavia, aquilo que parece ser o maior defeito do filme se torna algo aceitável à medida que a história começa a tomar forma e a presença de Stephen Lang como o "Homem Cego" começa a tomar forma na tela. A quantidade de disparates, soluções improváveis e revelações absurdas e até repulsivas em relação ao "Homem Cego", aliada ao esforço do diretor em querer constantemente surpreender o espectador a qualquer custo até o desfecho do longa, tornam o filme divertido e despretensioso, usando a falta de empatia que temos em relação aos personagens, algo propiciado pelo roteiro absurdo, como um meio de criar a expectativa de quem e quando este ou aquele vai morrer, ou não. Nesse sentido a introdução do filme faz o seu papel de prender o público para conferir os destinos dos personagens e o maior pecado do longa é querer criar discursos moralistas como o de que um homem que não acredita em Deus é capaz de fazer tudo, como se isso justificasse a maldade, argumento preconceituoso e falso, e nas próprias motivações de Rocky, como se o fato de ela morar numa com a mãe irresponsável e ter uma irmã pequena justificasse seus crimes.
Apesar de todos os defeitos de enredo e personagens, quando “O Homem nas Trevas” conclui, de maneira um pouco inverossímil, como tudo que fora mostrado até ali, ao som da ótima trilha sonora de Roque Baños, podemos perceber que apesar disso Fede Alvarez mostra que é um grande diretor do gênero de terror e suspense e mostra personalidade e estilo para que possamos acompanhar seus trabalhos futuros.
Direção: Fede Alvarez
Roteiro: Fede Alvarez, Rodo Sayagues
Elenco: Stephen Lang, Jane Levy, Dylan Minnette, Daniel Zovatto, Emma Bercovici,
Franciska Töröcsik, Christian Zagia, Katia Bokor, Sergej Onopko, Olivia Gillies, Dayna Clark
Música: Roque Baños
Fotografia: Pedro Luque
Montagem: Eric L. Beason, Louise Ford, Gardner Gould
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