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domingo, 26 de janeiro de 2014 às 06:29 Postado por Gustavo Jacondino 0 Comments



“O Lobo de Wall Street” é adaptação do livro de memórias de Jordan Belfort. Belfort foi um corretor de títulos da bolsa norte-americana que entrou em decadência na década de 1990. Sua história envolve o uso de drogas e crimes do colarinho branco.

O longa já se destaca como sendo um dos filmes mais engraçados de Scorsese, com um humor inerente aos eventos megalomaníacos protagonizados pelos seus personagens. Importando muitas soluções visuais e da atmosfera de seus filmes de máfia, como “Os Bons Companheiros”, “Cassino”, o diretor ainda parece colocar no mesmo patamar dos mafiosos violentos daqueles longas os corretores da bolsa inescrupulosos que retrata aqui. E talvez eles sejam até piores.

Já nos primeiros minutos o filme estabelece a dinâmica da quebra da quarta parede,contando com constantes monólogos de Jordan Berlfort voltado para a câmera/espectador. Como bom vendedor que é, o personagem já tenta vender para o público a sua história e o seu ponto de vista, tal qual vendia ações sem valor. Nesse sentido o cineasta e o roteirista Terence Winter pouco se preocupam em explicar os detalhes da dinâmica da bolsa de valores, erro comum que muitos cineastas cometeriam e que acabaria por tornar o filme chato e, pior, sem foco. 

O diretor nunca perde a oportunidade de enfocar a desumanização nas atitudes daqueles sujeitos, nos concedendo um olhar sobre o absurdo de quem não tem mais onde gastar a fortuna que ganha, de quem constantemente se preocupa em entorpecer-se pelos prazeres que o dinheiro pode comprar para que isso justifique a vida vazia de significado, baseada totalmente em valores medidos pela conta bancária. É a representação do poder e da influência que o capitalismo exerce na sociedade. 


A montagem de Thelma Schoonmaker faz toda a diferença aqui, uma vez que as situações cômicas construídas no cinema dependem fortemente de uma montagem ágil, algo recorrente no trabalho da montadora. O filme alia também momentos inspirados nas escolhas de canções, que passa por Dust My Broom, do Elmore James, até Everlong, do Foo Fighters

Leonardo DiCaprio entrega uma atuação extremamente compenetrada no personagem, sendo capaz de sustentar muito bem o filme, assim como De Niro fazia nas suas parcerias com Scorsese. Acrescentando ao elenco,  Jonah Hill  compõe um personagem essencialmente cômico, cheio de idiossincrasias, lembrando Joe Pesci em "Os Bons Companheiros" ou "Cassino", mas com menos violência. Matthew McConaughey tem com uma participação fundamental do início do filme que, apesar de curta, tem uma forte influência para  Berlfort.

No meio de uma Hollywood tão polida, politicamente correta, os palavrões e inúmeras cenas de nudez e sexo, retratadas sem pudor ou tabu pelo experiente diretor de 71 anos só evidencia seu comprometimento em representar aquele mundo da maneira mais crível e coerente, não poupando o espectador da imersão de três horas que termina melancolicamente, para um homem que não via limites em ganhar dinheiro, em cometer crimes e que pagara muito pouco por eles, evidenciando uma clara crise nesse modelo capitalista neoliberal que vivemos. 







Direção: Martin Scorsese

Roteiro: Terence Winter

Elenco: Leonardo DiCaprio, Jonah Hill, Kyle Chandler, Jean Dujardin, Jon Bernthal, Jon Favreau, Rob Reiner, Jake Hoffman, Matthew McConaughey

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